MINHA FAMÍLIA É A EXTENSÃO DO ALTAR DE DEUS
EPISÓDIO VII – CREMOS NO CRISTO, O VITORIOSO – Marcos 16.1-6
UM SEPULCRO VAZIO PERTO DE JERUSALÉM
O PRIMEIRO DIA: Na morte de Jesus Cristo no Calvário, testemunhamos, entre o destoar de soldados e criminosos, curiosos e transeuntes, o que parece ser o triunfo derradeiro do mal. Toda a degradação e violência inimagináveis foram personificadas nos acontecimentos que culminaram nas seis horas em que Deus, na forma humana, ficou pregado na cruz, numa colina, fora dos portões de Jerusalém. Só conseguiremos valorizar a Páscoa depois de ficarmos aos pés da cruz. Jesus morreu por volta das 15h de sexta-feira. O sábado judeu começaria três horas depois, com o pôr do sol; e o sábado da Páscoa era particularmente importante.
Como a lei judaica não permitia enterros no sábado, havia um espaço curto de tempo para que os corpos fossem prontos para o devido sepultamento. Os discípulos haviam desaparecido; mas todos os quatro evangelhos relatam que um de seus seguidores, José de Arimateia, foi corajoso o bastante para pedir que Pilatos lhe desse autorização para sepultar, de forma digna, Jesus e foi atendido.
Marcos afirma que José era “membro de destaque no Sinédrio (15.43), ou seja, do Conselho que havia condenado Jesus à morte. Mateus conta que ele era rico e discípulo de Jesus (25.57). Lucas o descreve como membro do Conselho, homem bom e justo, que não tinha consentido na decisão e no procedimento dos outros (23.50-51). João afirma que José era “discípulo de Jesus, mas o era secretamente, porque tinha medo dos judeus” (19.38). Em conjunto, os evangelhos desfazem o retrato de que somente pobres, ignorantes e “pecadores” seguiam a Jesus, e os evangelhos mostram também que nem todos os líderes religiosos dos judeus queriam ver Jesus morto.
O medo de José de se identificar publicamente como discípulo de Cristo não o diferencia de algumas pessoas respeitadas da sociedade em que vivemos. Pessoas que temem o que os outros vão pensar, se descobrirem que elas levam a sério a fé que professam. O que teria acontecido a José, membro do Sinédrio, respeitado e rico, caso se apresentasse como discípulo de Jesus? As coisas teriam sido diferentes? De que maneira você se identifica com José de Arimateia? Você já foi ou é um discipulo “secreto” por medo da multidão?
Parece que o medo de José desapareceu com a morte de Jesus, e ele apressou a preparar o corpo de Jesus para o sepultamento. João conta que outro discípulo se uniu a José: Nicodemos (João 19.39), que era também autoridade entre os judeus (João 3.1).
Mateus 27.60 diz que José colocou Jesus “num sepulcro novo” que “havia mandado cavar na rocha”, no lugar que João descreve (19.41) como um jardim. Depois, José mandou que rolassem uma pedra grande na entrada do sepulcro. Nos relatos vemos que, ao sepultamento, foram quatro pessoas: José, Nicodemos, Maria Madalena e outra Maria. Os apóstolos estavam trancados em casa, apavorados com a possibilidade de acontecer o mesmo com eles. Enquanto muitos celebravam a Páscoa, aqueles que amavam Jesus encontravam-se em estado de pavor, choque, traumatizados pelo que haviam visto, ouvido e testemunhado.
O SEGUNDO DIA: Não existe nenhum relato do que aconteceu naquela sexta-feira à noite, porém podemos conjecturar, com base no que lemos nos evangelhos. O mesmo ocorre com relação ao decorrer do sábado. Segundo Mateus 27.62-66, Pilatos mandou armar um esquema de segurança no sepulcro porque, de acordo com os fariseus, Jesus havia mencionado que iria ressuscitar entre os mortos. Eles temiam que os discípulos roubassem o corpo de Jesus e saíssem dizendo que ele havia ressuscitado. Lucas 23.56 diz: “descansaram no sábado, em obediência ao mandamento”. João 20.19 revela o pormenor de que, domingo, os discípulos estavam trancados em uma casa com medo de serem presos; parece que estavam lá desde sexta-feira à noite. É difícil descrever a depressão em que estavam os discípulos, pois havia o medo de encontrarem o mesmo destino. Eles sabiam que Judas não tinha sido o único a trair o Mestre, nem Pedro o único a negar (Lucas 22.54-62). Havia um sentimento de culpa, pois nos últimos momentos, exceto João que esteve junto ao Calvário, todos os demais haviam se escondido.
Esse é o dia seguinte, que é semelhante a um dia no qual alguém recebera o diagnóstico de uma doença grave; o dia depois que o cônjuge fora embora, abandonando a casa, os filhos e os projetos em comum; o dia seguinte da demissão do emprego, quando não se vê expectativa de futuro… Este segundo dia é o momento em que visualizamos o mundo tão escuro a ponto de não enxergarmos nenhuma esperança.
Você já vivenciou uma adversidade que o/a deixou sem esperança? Como podemos ter esperança diante das adversidades da vida?
“ELE DESCEU AO INFERNO” O que Jesus estava fazendo no segundo dia? Ele descansou no sábado, enquanto seu corpo jazia no túmulo, ou, como afirmado numa versão do Credo dos Apóstolos, ele “desceu ao inferno”? Essa doutrina, conhecida no inglês como “o suplício do inferno”, ensinava que Jesus, quando morreu, desceu ao lugar da morte – que o Antigo Testamento chama de “Sheol” – e libertou os justos que haviam morrido para que subissem ao céu, pregando o evangelho aos que nunca o tinham ouvido. A origem bíblica desse ensino pode ser encontrada em I Pedro 3.18-20, em que lemos: “Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão que há muito tempo desobedeceram”; e “o evangelho foi pregado também aos mortos”.
Estudiosos debatem o significado destes versículos, mas eles nos indicam o que Jesus estava fazendo no sábado. Ele pode ter feito no Reino da Morte o que procurou fazer em seu ministério terreno: “buscar e salvar o que estava perdido” (Lucas 19.10). Essa doutrina revela a profundidade do interesse de Jesus Cristo em alcançar aqueles que se encontram separados de Deus.
Mateus, em seu relato sobre a crucificação, menciona o fato curioso de que, quando Jesus morreu, alguns mortos ressuscitaram “e apareceram a muitos” (27.50-53). Isto também pode ser um apoio a ideia de que Jesus libertou os justos que estavam no Sheol. Alguns vão além e sugerem que Jesus ao entrar no submundo, governado pelo Diabo, Jesus venceu o próprio Satanás; não o destruiu, mas demonstrou o seu poder sobre ele. O próprio Martinho Lutero, em Solid declaration (Declaração Sólida), mostra que o Diabo foi derrotado nessa descida entre os mortos. “Cremos simplesmente, escreveu, ‘que a pessoa inteira, Deus e o ser humano, desceu ao inferno depois do sepultamento, venceu Satanás, destruiu o poder do inferno, e acabou com todo o poder do Diabo’”. O sábado de Aleluia para os Apóstolos e seguidores de Cristo representou angústia e total falta de esperança, porém hoje para nós revela o poder salvador de Deus na História da Humanidade.
O TERCEIRO DIA: O Terceiro Dia começou com o pôr do sol de sábado, contudo foi só pela manhã que Maria Madalena descobriu que a pedra havia sido rolada e que o túmulo estava vazio. Elas correram para lá, temerosas de que alguém tivesse levado o corpo de Jesus com a intenção de profaná-lo e humilhá-lo, mais nada.
A cronologia da Páscoa varia ligeiramente no relato dos quatro Evangelhos, porém uma coisa é óbvia: a ideia de que Jesus havia ressuscitado dentre os mortos era inacreditável. Em Marcos (16.1-8), as mulheres descobriram que Jesus havia ressuscitado, mas ficaram apavoradas e com medo de contar aos outros. Em Mateus (28.16-17), mesmo depois de os discípulos verem Jesus no Monte da Galileia, “alguns duvidaram”. Em Lucas (24.8-11), Maria e as outras contaram aos discípulos que Jesus havia ressuscitado, porém “as palavras delas lhes pareciam loucura”. De acordo com Lucas (24.12), “Pedro correu ao sepulcro, mas, embora ‘admirado’, não fica claro se entendeu o que havia acontecido”. No relato de João (20.2-9), “Pedro e João correram ao túmulo e, apesar de verem ‘as faixas de linho ali’, continuavam sem entender”. E não podemos nos esquecer de “Tomé, o incrédulo”, que perdeu a primeira aparição do Cristo ressurreto aos discípulos e explicou aos companheiros: “Se eu não vir as marcas dos pregos nas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei” (João 20.25). Em todos momentos, cremos que Deus vai agir em nosso favor? Como podemos exercer a nossa fé e crer em Deus em qualquer circunstância?
Sou muitíssimo grato aos Evangelhos por relatarem que até mesmo os discípulos lutaram com dúvidas quanto à ressurreição de Jesus. Se aqueles que andavam com Jesus tiveram dificuldade em acreditar na ressurreição, quanto mais difícil é para quem vive vinte séculos depois e não certificou, com os próprios olhos, que o túmulo estava vazio e que Cristo estava vivo.
Na posição de pastor, acho que o sermão do domingo de Páscoa é o mais poderoso e mais desafiador do ano. A Igreja Primitiva corajosamente afirmou que o túmulo estava vazio, que “Jesus Ressuscitou” em corpo e apareceu aos apóstolos e a centenas de pessoas num espaço de 40 dias. Mateus termina seu evangelho resumindo o propósito do evangelho: “Quero que preguem as boas notícias do Reino de Deus.”
A tradição nos relata que todos, exceto um dos apóstolos, foram mortos por causa da fé, todavia nunca mais se acovardariam naqueles lugares escuros da alma. Nunca mais sentiram dúvidas. A Páscoa tem o poder de gerar fé em nossos corações e mentes.
Como morreram, ou qual foi o fim dos discípulos?
PEDRO: morreu crucificado com 75 anos de idade, no ano 67 de nossa era. A tradição conta que ele pediu que o crucificassem de cabeça para baixo, porque se considerava indigno de morrer como seu Mestre.
TIAGO: filho de Zebedeu, foi o primeiro dos apóstolos a morrer por sua fé. Foi decapitado com espada por ordem do rei Herodes Agripa I, por volta do ano 44 de nossa era.
JOÃO, irmão de Tiago, ambos considerados “filhos do trovão” e que, depois de andar com Jesus, ficou conhecido como o “discípulo amado”, foi desterrado, pelo imperador Domiciano, para a Ilha de Patmos a fim de trabalhar nas minas. Morreu aos cem anos de idade, sendo o único dos apóstolos que teve morte natural. Segundo a tradição, ele foi lançado pelos inimigos num tacho de azeite fervendo, de onde saiu ileso.
ANDRÉ, irmão de Pedro, foi crucificado em Ática, na Ásia menor. Até exalar o último suspiro, continuou admoestando seus algozes.
TIAGO, filho de Alfeu, foi lançado do pináculo do templo de Jerusalém, e a seguir apedrejado até morrer.
MATEUS, o ex-coletor de impostos, pregou por quinze anos na Palestina, indo então para a Etiópia, onde foi morto à espada.
BARTOLOMEU pregou na Arábia, estendendo sua pregação até a Índia. Alguns afirmam que ele foi amarrado num saco e lançado ao mar, enquanto outros asseguram que ele foi esfolado vivo.
SIMÃO, o cananeu, também chamado Zelote, morreu na Pérsia. Por ordem do imperador Trajano foi martirizado até expirar.
FELIPE morreu na Ásia menor, enforcado num pilar do templo em Hierápolis.
TOMÉ, o incrédulo, veio a ser um dos maiores pregadores do cristianismo. Viajou muitíssimo, pregando nas regiões de Parta, Média, Pérsia, chegando até a Índia, onde morreu atravessado por uma lança, na cidade de Coromandel.
JUDAS TADEU, irmão de Tiago, morreu cravado de flechas.
JUDAS ISCARIOTES enforcou-se e serviu de alimento para os cães, após trair a Jesus com um beijo.
MATIAS, o substituto de Judas, foi o primeiro a ser apedrejado e em seguida, decapitado.
Outros seguidores e como foi o seu final:
ESTEVÃO morreu apedrejado.
MARCOS foi arrastado pelas ruas de Alexandria, no Egito, até morrer.
BARNABÉ, também foi apedrejado. Conta-se que os judeus de Salamina zombavam dele enquanto sucumbia.
PAULO, o grande apóstolo dos gentios, foi decapitado em Roma, por ordem do tirano Nero.
Talvez você esteja indagando: fizeram tanto por Cristo e receberam este tipo de recompensa? Respondo: Não, pois a morte não foi o fim da vida deles. A Bíblia esclarece que a morte é um sono, e não o final de tudo, pois Jesus irá ressuscitar a todos, e então, sim, cada um terá a sua recompensa. E certamente, estes apóstolos de Jesus Cristo, juntamente com os salvos na nova terra, irão regozijar-se tanto com as maravilhas da Nova Jerusalém, que olharão para o passado, e ainda dirão: “Fizemos tão pouco para recebermos tanto!”
CONCLUSÃO:
A ressurreição de Cristo é a comprovação de sua mensagem, identidade e morte de cruz. Jesus ensinou um modo de vida baseado no amor a Deus e ao próximo. Jesus sentou com os bêbados, prostitutas, enfermos e ladrões; ensinou a esperar o filho desobediente com amor e acolhê-lo com honra imerecida. Quando o “soldado romano” der um tapa na sua face esquerda deixe-o bater também na outra. Quando lhe exigir que você leve a sua carga por um quilômetro, carregue-a por dois quilômetros. Não ame apenas os seus amigos, mas também os inimigos. Ore por quem o/a persegue. Não perdoe apenas 7 vezes, mas 70 vezes 7. Que ensino bizarro! Alguém pode viver mesmo desta maneira? No entanto, o que Jesus ensinou foi vindicado pela sua ressurreição. Cristo é o vitorioso e não creio que a palavra final seja dos terroristas, dos corruptos, dos cientistas, dos ateus… A palavra final é sempre dEle.
Muitos já me perguntaram: “O Senhor acredita na história da ressurreição? E minha resposta é sempre a mesma: ‘Não só acredito, como estou contando com ela’”. A minha família é a “Extensão do Altar de Deus”, quando minha casa é testemunha viva da ressurreição.