Episódio III – O DISCIPULADO É DETERMINANTE NA PERSPECTIVA DO REINO DE DEUS
Texto Base: Atos 11: 19-30
INTRODUÇÃO: A conversão é uma mudança radical, em direção à tomada de decisões coerentes com o Reino de Deus. A conversão é a mudança dos aspectos incompatíveis com a fé em Cristo. A conversão de Saulo revela que a graça e a misericórdia de Deus sempre vão em busca de corações retos e íntegros. Paulo era tão zeloso com sua fé que seguia ordens das autoridades judaicas sem nenhum discernimento espiritual, pois estava cego por sua religiosidade mórbida. O encontro com o próprio Cristo, no caminho de Damasco, abriu os seus olhos espirituais em direção ao Cristo Ressuscitado.
A salvação é gratuita, porém o discipulado custa tudo que temos e somos. A data da conversão é sempre enaltecida pela comunidade de fé e serviço, porém é necessário desenvolver a nossa fé e isso se dá pelo discipulado.
1.O CAMINHO DA RESTAURAÇÃO TOTAL
Conforme relatos contidos em Atos dos Apóstolos e seu testemunho em Gálatas 1:16-19, depois do efeito CAMINHO DE DAMASCO, Paulo ficou cerca de três anos na Arábia, voltou para Jerusalém e teve vontade de dar seu testemunho diante da comunidade judaica; porém os discípulos perceberam os riscos de morte e o enviaram para sua terra natal, Tarso, onde ficou por cinco anos, numa espécie de anonimato.
Conforme alguns estudos, Paulo teria sido o primeiro cristão a pregar na região da Arábia. Em Tarso, ele prega e cria uma comunidade cristã, mas só depois de cerca de cinco anos é que ele começa a fazer parte de um grupo de pregadores conhecidos. Isso ocorre quando Barnabé é enviado pela comunidade de Jerusalém a Antioquia para verificar o trabalho missionário. Barnabé vai também até Tarso para buscar Paulo e inseri-lo entre os pregadores oficiais (At 11:24). Dentro do conceito exegético, Paulo foi maturado, discipulado, acompanhado por oito anos; aí sim, foi aceito pela Igreja em Jerusalém.
2.O CAMINHO DO DISCERNIMENTO ESPIRITUAL É “INDO”
Barnabé é chamado de “filho da exortação” (At 11:24), em sua ida a Antioquia, cidade de meio milhão de habitantes. Antioquia era a terceira cidade do Império Romano; possuía construções grandiosas, a Cidade Dourada, Rainha do Oriente.
Quando os cristãos chegaram a Antioquia, perseguidos, não se sentiram intimidados pela grandiosidade das construções ou pelo orgulho estampado nos olhos dos cidadãos daquela cidade. Tinham a Palavra de Deus, seu testemunho, e muitos pecadores se arrependeram e creram no evangelho de Jesus Cristo. Foi uma obra espetacular da Graça de Deus!
A missão indo – Mateus 28: 19 – Não é ide, mas a melhor tradução é “Indo” e fazendo discípulos em todas as nações (…). O trabalho de Barnabé em Antioquia no “indo”da missão e do discipulado, gera dois resultados maravilhosos:
1. Impacto na cidade – o testemunho da Igreja causou mudança e “muita gente se uniu ao Senhor”(At 11:24).
2. O crescimento da Igreja gera capilaridade e oportunidade na dinâmica da Missão. Como você tem cumprindo a missão onde você está inserido?
A partir desta necessidade, Barnabé foi a Tarso e chamou o famoso Saulo para fazer parte desta grande missão. Mas por que ir a um lugar tão distante só para encontrar um assistente? Por que não pedir que a Igreja de Jerusalém enviasse Nicolau, um diácono nascido em Antioquia? (At 6:5). Porque, no “indo”, existe discernimento do Espírito. Deus designou Saulo para ministrar aos gentios (At 9:15; 22:21; 26:17). Convém lembrar que Barnabé fez amizade com Saulo em Jerusalém (At 9:26, 27) e, sem dúvida, os dois haviam conversado sobre o chamado especial de Saulo na dinâmica do mundo gentílico.
D. L. Moody afirmou: “É melhor colocar dez homens para trabalhar do que fazer o serviço de dez homens”. Saulo foi incorporado por Barnabé no seu empreendimento missionário. Em Antioquia, os discípulos de Jesus foram chamados pela primeira vez de Cristãos (At 11:26; 26:28 e I Pe 4:16) – pequenos Cristos.
3.DISCIPULADO X MEMBRO
Na verdade, o próprio Paulo foi batizado na água por Ananias (Atos 9:18). Cerca de 10 anos depois, ele se encontra inserido em um grande empreendimento espiritual, vivendo o cumprimento de seu chamado ministerial. Barnabé era diferente dos demais. Ele era caracterizado por certa generosidade. Por isso procurava encontrar um caminho onde os outros faziam bloqueio. Barnabé recebia aqueles que eram rejeitados pelos outros. Ele intercedia pelos outros e dava bom testemunho a seu respeito, enquanto os demais se limitavam a relatar coisas ruins. Certamente ele também tinha o dom do discernimento, de modo que reconheceu o que era verdadeiro, o que era transformado e creu que o Senhor, de fato, havia se encontrado com ele.
Os outros falavam entre si sobre Paulo, mas não com Paulo – comentaram sobre ele, não acreditaram nele e fecharam a porta e os corações para ele. Barnabé fez justamente o contrário: primeiramente conversou com Paulo e somente depois conversou com os outros da igreja, introduzindo-o.
Qual é a nossa situação? Não é mais fácil para nós, por natureza, fazer comentários maldosos sobre outros? Quem de nós se dispõe a se dirigir a uma pessoa, conversar com ela e ajudá-la? Em nossas igrejas e círculos familiares locais, precisamos de homens e mulheres, jovens e idosos que se aproximem de outras pessoas, que coloquem a mão amistosamente sobre o ombro delas, que se preocupem com elas, que as incluam nos círculos de comunhão, que tenham palavras de consolo para elas e que as apoiem.
Efésios 4.2 nos exorta: “Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor”. A sentença “Sejam pacientes…” deveria abalar o nosso coração. Ó, desejaria que tivéssemos em nós o mesmo sentimento que teve o nosso Senhor Jesus Cristo, que seguia as pessoas como o fiel Pastor e não desistia da ovelha perdida! Muitos continuam membros apenas e não discípulos, por não encontrarem “Barnabés” na vida e missão da Igreja.
CONCLUSÃO:
1.O Discipulado é decisivo no crescimento e na visão que o novo convertido terá a respeito das coisas santas de Deus;
2. O que Barnabé fez por Paulo necessita ser colocado em pauta na vida e missão de nossa Igreja hoje. Cristãos maduros precisam chamar outros membros do corpo e encorajá-los nas práxis do Reino de Deus. O trabalho, o serviço é terapia ocupacional para todos/as discípulos/as de Cristo, tanto neófitos como antigos na vivência da fé. Você tem se colocado a serviço dos irmãos?
3.Os seguidores de Cristo foram muito perseguidos na Igreja Primitiva (I Pe 4:16). Quero terminar com uma pergunta: Se você fosse preso sob a acusação de ser cristão, haveria provas suficientes para condená-lo? Se sim, você é um discípulo; caso contrário, não passa de um membro de uma “Instituição Religiosa.” Pense nisso.