Episódio I – EU CREIO EM DEUS PAI
“Portanto, visto que nós também estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos de lado todo o peso, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a corrida que está proposta diante de nós. Olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé, o qual, pela alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, desprezando a desonra, e está assentado à destra do trono de Deus.” Hb 12:1-2
INTRODUÇÃO:
Creio que você já tenha ouvido a seguinte afirmação: não devemos ter nenhum credo, só a Bíblia. Isso pode dar a impressão de piedade, mas como John Stott afirma: “Desrespeitar a tradição e a teologia histórica é desrespeitar o Espírito Santo que tem ativamente iluminado a igreja em todos os séculos.”
Como ramo da Igreja Universal de Cristo Jesus na face da Terra, o povo do coração aquecido, mente esclarecida e mãos ávidas para servir o necessitado tem como fundamento o quadrilátero wesleyano: “No entanto, a Bíblia é a única fonte infalível de doutrina. Precisamos ter apreço pela inspiração total das Escrituras, pela autoridade absoluta das Escrituras e pela suficiência das Escrituras. Devemos pregar o Livro, o Livro inteiro e nada além do Livro! Não impeça nada que a Bíblia não exija claramente. Não proíba nada que ela não proíba claramente”. (John Wesley)A Biblia é infalível, porém temos a Tradição – Como a Igreja tem interpretado o Texto na história? A Razão – Como você interpreta o Texto bíblico? A Experiência – Qual tem sido a sua experiência com as Escrituras e a Criação? Como você tem observado os feitos de Deus?
1.1. “Em tempos de tanta confusão teológica por que passa a igreja cristã […] não é aconselhável professar o cristianismo sem afirmar com clareza aquilo em que se crê. A igreja de Cristo sempre foi uma igreja confessante, porque a genuinidade da nossa fé tem que ser evidenciada naquilo em que cremos e confessamos. Temos que ter a ousadia de afirmar clara e abertamente e, de preferência, de forma escrita, as coisas em que cremos. Reconheço que vivemos numa era que rejeita a noção credal ou confessional, mas esta posição tem que ser repensada. Tantas são as heresias e as tentativas de assalto à fé genuína que tornam-se necessárias a formulação e a confissão daquilo em que cremos, para que a igreja, na sua inteireza, não venha a ficar perdida, lançada de um lado para outro por quaisquer ventos de doutrina.”
1.2. Nossa Igreja se baseia doutrinariamente nas Sagradas Escrituras (Antigo e Novo Testamento), única regra de fé e prática dos genuínos cristãos/ãs. Nossa tradição se orienta pelo Credo Apostólico, pelos 25 artigos de Religião do Metodismo Histórico e pela Notas de Novo Testamento de John Wesley.
1.3. Há uma grande relação entre heresias e falta de confissão pública de fé. John Piper aponta isso no artigo Pensamentos sobre a suficiência das Escrituras – O que significa e o que não significa: “Um facto surpreendente, que eu não esperava encontrar, era que os hereges protestavam muito mais em relação à linguagem não-bíblica do credo ortodoxo. Eles argumentavam que as frases “de uma essência com o Pai” e “uma substância com o Pai” não se encontravam na Bíblia. Os hereges exigiam “Credo não, Bíblia sim”, precisamente para que pudessem usar a linguagem bíblica a fim de fugir à verdade bíblica. Por exemplo, eles voluntariamente chamariam a Cristo “Filho de Deus” para então argumentar que, como todos os filhos, Ele deveria ter tido um começo. Então, para minha surpresa, uma forma da doutrina da “Suficiência das Escrituras” foi usada para minar a verdade da Escritura.”.
2.1. A filiação é algo profundo nas Escrituras Sagradas, pois a expressão filho é dada à pessoa que foi gerada e/ou criada por um pai e/ou uma mãe. Logo, todos nós somos filhos ou filhas de alguém. É praticamente um atestado de vida: se estou vivo, é porque tenho um pai e/ou uma mãe, independentemente se eles estão vivos ou são falecidos.
2.2. Ser filho de alguém não implica necessariamente uma relação de consangüinidade entre filhos e pais. Ser filho é reconhecer alguém como tal porque esse alguém esteve presente na criação cumprindo a missão de gerar/criar, de proteger, educar e ser presente na vida de um filho.
2.3. O ser filho implica despojamento do querer ser auto-suficiente, independente. Ser filho nos insere na ação do desvincular-se das tentações da soberba e vaidade. Aquela velha tentação de achar que já somos adultos e, conseqüentemente, não necessitamos mais da presença, do cuidado e dos ensinamentos de um pai. É preciso reconhecer nossa fragilidade e necessidade de sermos cuidados, guiados e protegidos, independente da nossa idade cronológica.
3.1. Nosso relacionamento com Deus Pai é filial e amoroso. Desafiador? Com certeza! Entretanto, definitivamente ESCOLHO diariamente ser e permanecer como Filho de Deus, vivendo sob Seu AMOR PODEROSO. Busco construir diariamente um laço afetivo de amor e intimidade, porque somente amamos quem conhecemos. Colocar-se como filho de alguém requer confiança, respeito, permitir-se ser ensinado, moldado, exortado e amado.
3.2. Pelo meu Batismo reconheço-me como filho legítimo de Deus. Quão lindo e importante é esse sacramento: sacramento do reconhecimento da filiação, pertencimento à Família Divina, da certidão de nascimento para a vida de Deus. Sou batizado, sou filho e herdeiro de Deus! “Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram” (Gl 3:26-27).
Cristo era o único que por direito poderia chamar Deus Pai de “pai”: “Ábba”. Mas Cristo nos deu esse direito também através do sacramento do Batismo. Sendo um batizado posso também clamar: “Ábba! Meu querido Papai!” “Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’” (Rm 8:15).
CONCLUSÃO
1. Firmando a nossa fé, pois somos “como árvores plantadas juntos aos ribeiros das águas…” (Sl 1:3)
2. Eu sou um filho amado do meu Pai, por isso estou vencendo a síndrome de orfandade.
3. Meu Pai é Todo – Poderoso e Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. “Se somos filhos, então, também somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se realmente participamos dos seus sofrimentos para que, da mesma maneira, participemos da sua glória”
(Rm 8:17).
Para pensar:
Quais são seus maiores dilemas entre a tradição e o sagrado?
1. Você se sente parte da filiação de Deus? Como você desfruta dessa dádiva?
2. Minha fé me proporciona a materialização das minhas condições. Como você lida com o improvável, o Impossível?
3. Que o seu cotidiano seja o maior testemunho da extensão da sua fé!