VOLUNTÁRIO? NÃO! CHAMADO? SIM!
EPISÓDIO II – PROFETAS
Efésios 4:11
INTRODUÇÃO
Embora sejam duas palavras que parecem ter o mesmo significado, envolver-se em algo não quer dizer que se compromete com ele. Como assim? Para entender melhor. A galinha bota o ovo, envolve-se no processo de sua alimentação logo pela manhã e irá continuar ciscando durante todo aquele dia; agora, o porco para fornecer-nos o bacon para o almoço ou para o lanche da tarde, precisa de morrer. Comprometidos são aqueles que doam suas vidas por um propósito. O voluntário se envolve, porém aquele que é chamado dá a sua própria vida. “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á” (Mt 16:25).
Chegamos à conclusão de que a pessoa comprometida vai além do “marco” comum, enquanto a envolvida faz somente o necessário para cumprir as suas tarefas diárias. Deus não quer apenas o seu envolvimento, pois você é uma testemunha; testemunha para a Bíblia não é alguém envolvido, mas sim alguém comprometido.
1.O QUE É UM PROFETA À LUZ DA BÍBLIA
1.1. Ro’eh = “vidente”; hozeh = “vidente”; II Sm 24.11; Amós 7.12; nabi’ = “profeta” cognato do VERBO acádio nabu = “chamar” e árabe naba’a = “anunciar”. Este é o termo mais comum do AT para designar um profeta. É usado mais de 300 vezes. A etimologia exata é incerta, mas “chamar”, no momento, parece a melhor opção. Possivelmente a melhor compreensão vem da descrição de YHWH do relacionamento de Moisés com Faraó, através de Arão ( Êx 4.10-16; 7.1; Dt 5.5). Um profeta é alguém que fala por Deus ao Seu povo (Amós 3.8; Jr 1.7, 17; Ez 3.4).
1.2. Profeta é o “Boca de Deus”; um profeta na perspectiva do Antigo Testamento era alguém que Deus usou para comunicar a Sua mensagem ao mundo. Os profetas também eram chamados de “videntes” porque podiam “ver”, espiritualmente falando, quando Deus lhes dava conhecimento (1 Samuel 9:9). Os profetas podem ser divididos em “profetas escritores”, como Isaías, Daniel, Amós e Malaquias, e “profetas não-escritores”, como Aías (1 Reis 11:29), Micaías (2 Crônicas 18:7) e Eliseu (1 Reis 19:16). Existem também alguns profetas anônimos no Antigo Testamento, como o profeta sem nome em Juízes 6:7-10.
1.3. Geralmente são pessoas mais sensíveis às experiências espirituais e ao falar de Deus.
2. EXISTEM PROFETAS NO NOVO TESTAMENTO?
2.1. Zacarias, “que foi cheio do Espírito Santo e profetizou” (Lucas 1:67). Ana, a profetisa “que falava a respeito do menino a todos” (Lucas 2:36-38).
2.2. João Batista, o único profeta bíblico de quem se afirma ter sido cheio do Espírito Santo desde o ventre (Lucas 1:15). João está numa categoria à parte. Ele não somente foi o precursor do Messias (Mateus 3:1-3), mas também o profeta esperado, na mesma unção de Elias, prometido, assim reconhecido por Jesus, que também afirmou que ele era o maior nascido de mulher (Mateus 11:11-14).
2.3. Jesus, a quem se atribui o título de profeta aproximadamente 20 vezes. Na maioria desses casos, as pessoas é que O chamavam assim (Mateus 21:11; Lucas 24:19). Em Marcos 6:4 e Lucas 4:24, o próprio Senhor referiu-se a si mesmo como profeta.
2.4. Fora dos Evangelhos encontramos poucos profetas. Somente oito são mencionados por nome, sendo sete da Igreja de Antioquia: Barnabé, Simeão, Lúcio, Manaén e Saulo (Atos 13:1); Judas e Silas (Atos 15:32); e depois desses, só mais um profeta é mencionado por nome: Ágabo, da Judéia (Atos 21:10).
2.5. Pode-se ainda acrescentar a essa restrita lista “alguns profetas que eram de Jerusalém” (Atos 11:27); os 12 que foram batizados em Éfeso e que, de acordo com Lucas, falaram em línguas e profetizaram (Atos 19:6), e as quatro filhas de Filipe (Atos 21:9). Pela natureza do conselho de Paulo aos coríntios, pode ser que houvesse profetas em Corinto (I Coríntios 14:29-32). E, por fim, João, o discípulo amado, torna-se o grande profeta do NT (Apocalipse 1:1-3; 19:10 e 22:8-9).
2.6. É interessante notar que o apóstolo Paulo incluiu o dom de profecia nas três listas dos dons proféticos que aparecem no Novo Testamento (Romanos 12:6; I Coríntios 12:10 e 28; Efésios 4:11). Na primeira carta aos coríntios e na carta aos efésios, o apóstolo afirma que os dons foram dados “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:12) e “visando a um fim proveitoso” (I Coríntios 12:7). Paulo afirma ainda que “um só e o mesmo Espírito realiza todas estas, distribuindo-as como lhe apraz, a cada um individualmente” (I Coríntios 12:11).
3. EXISTE ESPAÇO PARA O OFÍCIO PROFÉTICO HOJE?
3.1. Segundo a Bíblia, há profetas hoje em dia. A Bíblia não diz em lugar algum que o dom de profecia era temporário. Os verdadeiros profetas de hoje não acrescentam doutrinas novas à igreja. De acordo com a Bíblia, a função do profeta é ajudar a edificar a igreja, transmitindo uma revelação dada por Deus: “Mas o que profetiza fala aos homens, para Edificação, Exortação e Consolação” (1 Coríntios 14:3). O profeta é “Boca de Deus”.
3.2. O trabalho do profeta de hoje é ajudar pessoas ou comunidades com revelações de Deus especificamente para aquelas pessoas ou geografias específicas. Não acrescenta nada à palavra da Bíblia, mas ajuda a tornar mais evidente sua aplicação na vida de cada um e da comunidade. O profeta instrui, encoraja e consola. A profecia também pode convencer o pecador (1 Coríntios 14:24-25).
3.3. Costumamos imaginar que profeta é aquele que apenas prediz alguma coisa, mas essa não é sua função principal. O Profeta no Novo Testamento era alguém que proclamava a Palavra de Deus (At 11:28; Ef 3:5). Devemos lembrar sempre que os cristãos do Novo Testamento não possuíam bíblias e o Novo Testamento ainda estava sendo escrito. Assim sendo, os profetas eram usados pelo Espírito Santo para compartilhar a verdade de Deus com os que possuíam este importante dom. Paulo explica que o dom de profecia era associado à compreensão de “todos os mistérios e toda a ciência” (I Co 13:2).
3.4. Sabemos que dos nove dons espirituais (I Co 12), três são de inspiração ou expressão vocal, a saber: variedade de línguas, dom de interpretá-las e dom de profecia.
3.5. Em tempos de adversidades e muita confusão ética, moral e religiosa somos convidados como Ezequiel, em Ezequiel 37, a profetizarmos sobre os ossos do secularismo, do liberalismo e de tantos pensamentos contrários a Santa Palavra de Deus para ministrar vida sobre a nossa cidade, estado, nação e o mundo que carece da graça de Deus.
CONCLUSÃO
1. A Bíblia nos afirma: “Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem aventurado” (Pv 29:18);
2. Deus quer uma Igreja que esteja debaixo de uma Unção: Apostólica e Profética: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a Pedra Angular” (Ef 4:20);
3. O propósito do serviço profético é: “… Edificar, Exortar e Consolar” (I Co 14:3).