SÉRIE DE MENSAGENS: EU AMO A MINHA CIDADE
VIII EPISÓDIO: “PROFETIZANDO PAZ SOBRE A CIDADE”
Jeremias 29:1-7
INTRODUÇÃO:
Jeremias era um profeta nacionalista ao extremo. Direcionado pelo Espírito de Deus, envia várias cartas. Uma de Jeremias aos exilados (Jr 29:1-14); outra sobre falsos profetas judeus na Babilônia (Jr 29:15-23); outra ainda de Semaías para os Sacerdotes do Templo, falando sobre Jeremias e que o profeta leu (Jr 29: 24-29); e mais uma de Jeremias aos exilados, falando sobre Semaías (Jr 29:30-32). Manter uma correspondência como essa não era difícil naqueles dias, pois havia missões diplomáticas frequentes entre Jerusalém e a Babilônia (v. 3), e Jeremias possuía amigos nos mais altos escalões do governo.
1. A PROFECIA É FONTE DE SABEDORIA
1.1. Algum tempo depois da deportação em 597 a.C., Jeremias mandou esta carta aos exilados da nova terra, dando direção de como eles deveriam portar-se nessa nova geografia.
1.2. Um autor, que escreveu muito bem sobre essa temática, foi Egbert Schuurman em “Cristãos em Babel” (Monergismo, 2016). Ali ele aponta que vivemos em uma cultura babilônica, mas que não devemos evitá-la, buscando viver em uma opção de afastamento do mundo.
1.3. Devemos engajar-nos na melhoria material da sociedade, assim como orar para que ocorram benefícios espirituais. Sabemos que nossa cultura distorce a ciência e tecnologia, mas a Babilônia também o fazia. Utilizava todo o esforço científico e tecnológico existente naquele tempo para obter domínio sobre outros povos, para construir templos para suas divindades e sua magia, para tentar dominar a natureza.
1.4. Sua busca era por autonomia, no velho espírito de Babel, em Gênesis 11, e, em sua arrogância, acreditava que sua habilidade era suficiente para tudo. Mas sabemos que essa cultura seria destruída e apagada do mapa.
1.5. Jeremias, além de ser um profeta extremamente nacionalista, era um pastor zeloso e, com esta carta, estava encorajando os judeus nesse novo ciclo de suas vidas.
1.6. O povo de Deus, no decurso dos séculos, sempre foi governado por leis especiais com relação as coisas puras e impuras; os judeus enfrentariam dificuldades no processo de adaptação a uma cultura extremamente pagã.
1.7. Jeremias queria que todos dessem bom testemunho aos babilônicos idólatras e que fossem bons judeus, mesmo estando longe da cidade santa.
2. A PROFECIA É INTENCIONAL
2.1. Abrange três tipos de pessoas: aqueles sem esperança; aqueles com falsas esperanças e aqueles com verdadeira esperança.
2.2. AQUELES SEM ESPERANÇA – (Jr 29:4-6). Os exilados haviam perdido tudo exceto a vida e uns poucos pertences que puderam carregar. Perderam a liberdade e, agora, eram cativos. Foram levados de suas casas e perderam suas antigas ocupações. Estavam longe dos parentes e amigos, sendo que alguns destes morreram na longa marcha de Jerusalém para a Babilônia (cerca de 1042km). De qualquer ângulo que olhassem, a situação parecia desesperadora. A primeira chave para transformarmos a tragédia em triunfo é entregar-nos inteiramente nas mãos de Deus (Sl 137:1-4).
2.3. AQUELES COM FALSAS ESPERANÇAS – (Jr 29:6-9) – os falsos profetas haviam convencido o povo de que a permanência na Babilônia seria breve, de no máximo dois anos (versículos 8 e 9). Assim, não teriam que fixar residência, eram apenas hóspedes em terra estranha. Jeremias disse o contrário, sendo ele verdadeiramente um homem de Deus. Haveria tempo de sobra para edificar suas casas e restabelecer seus afazeres normais, porque ficariam lá por 70 anos. Dentro da estratégia de Deus, era importante que os judeus constituíssem famílias. Ouça, meu irmão: sempre é importante constituir FAMÍLIA! O Exilio não é local de residência perpétua, mas geografia de passagem. Assim sendo, seria necessário ter família para que pessoas, no final do cativeiro, retornassem para a reconstrução de Jerusalém. Esse pequeno remanescente judeu deveria procriar e crescer para ter uma posteridade forte para estabelecer o Projeto de Deus. Os exilados deveriam ser pacificadores e não desordeiros e deveriam orar sinceramente pelos inimigos (Mt 5:43-48; I Tm 2:1-3; Tt 3:1-2). Era possível ser um bom judeu, mesmo em uma terra pagã. Será que podemos ser bons cristãos em uma cultura babilonizada?
2.4. AQUELES COM ESPERANÇAS VERDADEIRAS (Jr 29:10-14) – A verdadeira esperança está em Deus, não nas “mensagens de sonhos daqueles que se autodenominavam profetas” (Jr 29:8). Deus sempre concede ao seu povo uma boa palavra.
2.5. Deus fez e faz bons planos para o seu povo, planos que trazem sempre, no final, paz e esperança. Sendo assim, não há motivo para temer e nem desanimar.
3.A PROFECIA É PARA EDIFICAR, EXORTAR E CONSOLAR
3.1. “Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação” (I Coríntios 14:3). Precisamos de uma geração profética em nossa cidade para ministrar aqui a genuína Paz – o Shalom de Deus sobre Juiz de Fora.
3.2. O cristão não é chamado a cruzar os braços enquanto assiste a degradação moral e material de uma civilização, mas sim, a procurar trazer esperança onde estiver, seja através de seu testemunho (edificando pessoas) como de sua prática (exortando). E sempre temos que ter em mente que o nosso tempo de exilados (uma vez que o cativeiro na Babilônia nos serve de metáfora para nossa condição nessa terra), é passageiro.
3.3. Ainda mais, que devemos ter a certeza de que nada do que fazemos é inútil e boa parte do que construímos será redimido na nova terra. Claro que isso não é querer trazer o paraíso para a terra, achando que poderemos redimir a civilização unicamente através de nossas atividades, mas, ainda assim, é necessário procurar trazer certo alívio à condição humana (Consolar).
3.4. Em período de secularização e inversão dos valores morais e éticos, somos ainda mais instigados a “Edificar, Exortar e Consolar”. Não é momento para nos desesperarmos; o Deus de Jeremias, o Deus dos judeus exilados, é o nosso Deus, que nos lança a apresentarmos nossos dons onde eles forem necessários. “E procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” (Jr 29: 7).
CONCLUSÃO:
1. Em toda situação, porém, o povo de Deus tem a responsabilidade de buscar o Senhor, de orar, pedir e interceder para Ele cumpra suas promessas. A Palavra e a Oração caminham juntas. “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (Atos 6:4).
2. O propósito do exilio e das provações da vida é para que sejamos motivados a buscar o Senhor, para que confessemos nossos pecados e nos acheguemos mais a Deus (Hb 12:3-13).
3. “E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos” (Jeremias 29:14). Essas promessas vão além dos judeus cativos na Babilônia e incluem todo o Israel ao redor do mundo. Jeremias estava olhando a partir das lentes do Espírito de Deus para o final dos tempos, quando Israel seria reunido para encontrar-se com o Messias e entrar no Reino (Is 10:20; Is 12:6).