SÉRIE DE MENSAGENS: EU AMO A MINHA CIDADE
XII EPISÓDIO: VASOS DE HONRA
Texto – Base: Romanos 9: 21-23
INTRODUÇÃO:
Consideraremos, obviamente, que o termo vaso é uma metáfora para indivíduos ou grupo de indivíduos. O vaso de oleiro tinha grande importância na vida doméstica na antiguidade. Não existiam Tupperware’s na época e o tanto de quinquilharias de plástico que existem em nossos dias. Tanto as joias mais finas e caras quanto o lixo da cozinha (para não dizer coisa pior como excrementos), eram acomodados em vasos. Neste contexto, Paulo fala de vasos para honra e vasos para a desonra. A palavra grega aqui traduzida como desonra é atimia (ἀτιμία, ας, ἡ), a mesma utilizada em II Timóteo 2:20: “Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para DESONRA.” II Timóteo 2:20.
1. EU SOU UM VASO NAS MÃOS DE DEUS
1.1. Em II Coríntios 4:7 é utilizada a expressão “tesouro em vaso de barro”, que descreve a natureza do poder de Deus manifestado através de seres humanos frágeis e limitados. O vaso de barro representa a fragilidade e imperfeição da humanidade, enquanto o tesouro representa a grande e poderosa obra de Deus que se manifesta por meio dessa fragilidade.
1.2. O Vaso denota a natureza humana, com suas limitações, imperfeições e fragilidade.Somos como vasos de barro, facilmente quebráveis e com pouco valor em si mesmos.
1.3. Para que eu seja um vaso de honra à luz de Romanos 9:23, preciso de trilhar pelo reconhecimento de Jesus Cristo como Senhor e Salvador de minha vida. Quando eu opto por Jesus, preciso de ser instrumento de honra, andando em temor, em obediência; assim, receberei a presença, o poder e a obra extraordinária de Deus. É o que Deus realiza na vida de irmãos/ãs que querem ser instrumentos e recipientes desta graça, apesar de suas limitações.
1.4. A metáfora enfatiza que o poder de Deus não se encontra na nossa própria força, mas no seu poder que se manifesta através da nossa fragilidade. O poder de Deus é tão grande que se manifesta mesmo através de seres humanos limitados e imperfeitos. Este texto serve-nos como lembrete de humildade diante de Deus, reconhecendo nossa própria fraqueza e dependência do seu poder. Também nos incentiva a reconhecer que Deus pode usar até as pessoas mais imperfeitas para realizar grandes coisas.
1.5. Nós amamos Juiz de Fora e seremos vasos de honra se cumprirmos o nosso chamado e a grande comissão que é “ir e fazer discípulos …” (Mt 28:19-20).
2. ENTENDENDO A VONTADE DE DEUS
2.1. O texto fala de algo muito lógico, pois Deus é o oleiro e nós somos o barro. Deus é mais sábio que nós, portanto é tolice da nossa parte questionar a vontade de Deus ou resisti-la. “Ai daquele que contende com seu Criador! Deixe o caco contender com os cacos da terra. Dirá o barro para aquele que o modela: O que fazes tu? Ou tua obra: Ele não tem mãos?” (Is 45:9).
2.2. Todavia, isso não nos redime de nossas responsabilidades. Faraó teve grandes oportunidades de aprender sobre o Deus verdadeiro e crer nele, no entanto escolheu a rebelião. Paulo, aqui, fala sobre a Soberania Divina e não sobre responsabilidade humana. Agora, é importante salientar que uma coisa não anula a outra.
2.3. Diz que “aquele que se purifica dos erros, será UTENSÍLIO para honra, santificado e ÚTIL ao possuidor.” II Timóteo 2:21. Parece claro que os termos “honra/desonra” referem-se à utilidade do objeto, não à condição de salvação ou perdição do mesmo. Se aplicarmos o mesmo raciocínio a Romanos 9:21, entenderemos que o vaso de honra/desonra está mais para a sua utilidade na missão do que para a sua condição diante do juízo divino. A ótima tradução da Bíblia de Jerusalém corrobora este entendimento: “O oleiro não pode formar da sua massa seja um utensílio para uso nobre, seja outro para uso vil?”
2.4. Parece que há uma conotação a respeito da função do vaso. Deus, em sua soberania, escolhe aqueles a quem quer utilizar em sua sagrada missão de resgate da humanidade. Não pode Deus escolher alguns para desempenhar funções extraordinárias em sua obra, ao tempo em que escolhe outros para funções ordinárias? Sim. Uns para uso nobre; outros para uso comum. Vale lembrar que Paulo está em uma espécie de “defesa de Deus” quanto à sua justeza por eleger Israel.
3. PARA A SALVAÇÃO DE NOSSA CIDADE, NÃO PODEMOS SER VASOS DE DESONRA
3.1. Se consideramos válido o entendimento acima, deparamo-nos com um problema nos versos 22 e 23, em que Paulo cita “vasos de ira preparados para a perdição” e “vasos de misericórdia preparados de antemão”.
3.2. Note que Paulo já não usa mais os termos “honra/desonra”, mas “ira/misericórdia”. Talvez Paulo tenha mudado o sentido da metáfora, porém aproveitando o mesmo objeto. Talvez, agora, esteja fazendo (como faz no capítulo todo) uma referência ao Antigo Testamento, especificamente ao “cálice da ira de Deus”, ou seja, aos juízos divinos (Isaías 51:17, Jeremias 25:14 e outros). O Apocalipse de João também faz essas referências (Apocalipse 14:10, 16:19).
3.3. Se assim for, o que está preparado para a perdição são os juízos de Deus e não os seres que são objeto de Seu amor. Nesta linha, segundo Paulo, Deus suportou (e ainda suporta) pacientemente os seus juízos sobre a humanidade. E qual o objetivo desta espera paciente de Deus? O verso 23 responde:
“a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão.”
3.4. Assim, a paciência de Deus é para que os destinatários do conteúdo do vaso da ira de Deus conheçam as riquezas de sua glória, guardados em vasos de misericórdia (graça). Paulo chama o cálice da ceia de “cálice de bênção” em 1 Coríntios 10:16. O salmista, em momento de júbilo, diz que tomará do “cálice da salvação” (Salmos 116:13). Fazendo sentido a linha argumentativa acima, em sintonia com outros textos, parece que não há que se falar em predestinação para a salvação ou perdição baseado nos vasos de Romanos 9, mas em um amor que tudo suporta a fim de resgatar a ovelha perdida.
3.5. Vasos de desonra são aqueles que não conseguem ser “azeodutos” da Graça de Deus. Por nós é necessário passar fé, amor, bom testemunho … Em II Tm 2: 22 afirma: “Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a Fé, o amor e a Paz, com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.
CONCLUSÃO
1. Somos chamados para ser bênção nas mãos de Deus, pois somos Vasos de Honra;
2. Entenda a vontade e a visão de Deus para este tempo, pois Deus quer salvar nossa cidade;
3. Eu não sou Vaso de Desonra, pois vasos de desonra, “tendo aparência de Piedade, mas negando a eficácia dela. Destas pessoas afasta-te. “(II Tm 3:5).