LIÇÕES

Guia para Células 18-08-24

De 25 agosto à 31 agosto 2024

Episódio IV – Ferramentas Espirituais II

I Co.12:8-10

INTRODUÇÃO:

Dons de revelação: Palavra de sabedoria, Palavra de conhecimento e Discernimento de espíritos. Ainda existem dons de revelação do Espírito Santo hoje? Em outras palavras, Deus ainda dá a certas pessoas a habilidade de profetizar e falar em línguas para dar revelações?

Entendo, à luz das Escrituras, que os dons e sinais de revelação cessaram com o final da era apostólica. A resposta bíblica, teológica e histórica tem que ser sim, pois no que tange àquilo que rege a doutrina, a ortoxia da Igreja, o Canon Bíblico está fechado; mas não, se for no campo da Edificação, Encorajamento e Consolo da comunidade de fé e serviço.

Biblicamente, Hebreus 1:1-2 enfatiza a finalidade da revelação em Jesus Cristo como vinda depois da obra dos profetas e registrada no Novo Testamento pelos apóstolos. A questão da profecia e sua conexão com as Escrituras é fundamental para o cristão. Houve um contexto pactual de revelação e profecia no Antigo e no Novo Testamento que deve moldar a forma como vemos esta questão. Ao longo das Escrituras, a profecia está associada a um ministério público e é responsável perante a Palavra de Deus.

Teologicamente, o fato de que o Filho é “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1:3) não deixa dúvidas de que o ápice da profecia termina na pessoa e na obra de Cristo. Não há profecia maior, nenhuma revelação especial adicional, como declara a advertência de Apocalipse 22:18-19. Jesus Cristo declara perto da conclusão de Seu ministério terreno que o Espírito Santo é o Consolador “a quem o Pai enviará em meu nome”, que “vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14:26). Aqui,  vemos que a obra do Espírito Santo entre o povo de Deus se dá por meio da aplicação dos benefícios da obra realizada por Cristo em nosso favor, em nosso entendimento e em nossa vida.

  1. OS CARISMAS.

1.1.     Diante do fato de que Paulo fala destes dons como sendo dons espirituais (em grego, “carismas”), tem-se entendido que os dons espirituais são nove, ou seja, são nove as manifestações do Espírito Santo que, de forma especial e particular, promovem a edificação, exortação e consolação da Igreja. Temos que compreender que o Espírito Santo coloca, contemporâneas a nós, as obras do Pai e do Filho. “ Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai. E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho”(Jo 14:12-13).

1.2.     Estes dons espirituais são manifestações do Espírito Santo, ou seja, são “poderes extraordinários”, “poderes especiais”. “ferramentas espirituais” que o Espírito Santo reparte a cristãos/ãs, a fim de promover a edificação, exortação e consolação da Igreja.

1.3.     A unção somente é conferida a pessoas cheias do Espírito Santo; nas Escrituras, ninguém há que tenha sido usado, na dispensação da graça, com tais dons que não tenha sido previamente revestido de poder.

2.  A REVELAÇÃO NAS ESCRITURAS

2.1. Os dons de ciência (também chamados “dons de revelação”) são três e, por meio deles, o Senhor manifesta a Sua onisciência no meio da Igreja, para que jamais venhamos a nos esquecer de que Deus sabe todas as coisas e, assim, pode sempre nos orientar na nossa jornada, devendo ser sempre o nosso referencial. São eles: palavra da sabedoria, palavra da ciência e dom de discernir os espíritos. “ESTES DONS manifestam o saber de Deus (I Co.12:8-10).”

2.2. Esses dons manifestam a multiforme sabedoria de Deus…” . Sabemos muito bem que: “Então caí aos seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: “Não faça isso! Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Adore a Deus! O testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap 19:10). Os Dons de Revelação não terão jamais como função acrescentar algo ao que está nas Sagradas Escrituras, pois o Testemunho de Jesus é o Espírito da Profecia. Mas os mesmos estão na vida e missão da Igreja para elucidar a Revelação Maior aos crentes, afirmando que o Deus da Bíblia continua trabalhando em meio ao Seu povo. Não cremos em um Deus inerte, mas no Senhor e Salvador de todos nós, que nos aponta a direção por intermédio de carismas, dons específicos na vida e missão da Igreja.

3. ENTENDENDO ESTAS FERRAMENTAS ESPIRITUAIS

3.1.     É interessante notar que Paulo denomina este dom de “palavra de sabedoria”, ou seja, não se trata da sabedoria que tem todo aquele que serve a Cristo Jesus, mas de uma “palavra”, de uma determinada e específica orientação, proveniente do Espírito Santo, a fim de que possamos ser devidamente instruídos num caso concreto pelo Consolador. No Antigo Testamento, temos a figura de Salomão, a quem o Senhor deu este dom como a nenhum outro homem, com exceção de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (I Rs.3:28). No Novo Testamento, vemos o exercício deste dom pelo próprio apóstolo Paulo, quando estava no Sinédrio, depois de ter sido preso em Jerusalém, no templo.

3.2.     Assim, por exemplo, quando o pecado de Davi foi revelado por Natã (II Sm.12), o que se visava era o arrependimento do rei, o mesmo tendo ocorrido quando o pecado de Acabe foi revelado pelo profeta Elias (I Rs.21:17-29). De igual modo, a revelação operada pelo próprio Senhor Jesus com relação à vida moral da mulher samaritana (Jo.4:15-19), que tinha como propósito fazer aquela mulher abrir seu coração para recebê-lo como o Cristo. A “palavra da ciência” é sempre a revelação de algum fato que, em si mesmo, propicia o crescimento espiritual daquele que recebe a palavra.

3.3. O terceiro dom de ciência é o dom do discernimento dos espíritos, que é o dom concedido pelo Espírito Santo aos crentes para que identifiquem operações espirituais em acontecimentos e fatos do cotidiano.“…O dom de discernir os espíritos é um recurso do Espírito Santo contra as falsificações dos demônios. Vemos isso de forma clara no texto de Atos 16:16-18, quando o apóstolo Paulo se encontra com uma jovem possessa de espírito advinhador; ela apenas elogiava a obra feita pelos homens de Deus, porém Paulo teve discernimento a respeito de quem operava na vida daquela jovem. O dom de discernimento dos espíritos, pelo que se verifica, portanto, é a capacidade especial que o Espírito Santo dá a alguns crentes para que julguem as manifestações espirituais que ocorrem dentro das igrejas locais, de modo a atestar se são provenientes de Deus ou não, bem como quem identifica os falsos mestres e seus falsos ensinamentos que se infiltram, cada vez mais, encobertamente, no meio do povo de Deus. Em dias de tanto engano e de tanta atuação do “espírito do anticristo”, torna-se absolutamente necessário que este dom esteja na igreja para auxílio dos crentes em geral.

CONCLUSÃO

1.        Infelizmente, por muitos e muitos anos, a Igreja com medo de abusos e exagero, tem negligenciado os dons do Espírito Santo.

2.        A Igreja deve se santificar e se colocar à disposição do Senhor; certamente, cristãos/ãs maduros na fé serão usados poderosamente e evitaremos que muitos sejam tragados pelo engano destes dias difíceis em que vivemos de secularismo, apostasia, falta de conhecimento das Escrituras e do Poder de Deus.

3.        Conhecendo a Palavra, tendo o discernimento do homem espiritual e sendo complementados pela manifestação do dom de revelação, certamente saberemos descobrir todas as ciladas do inimigo ao longo do caminho e, a exemplo de Esdras e daquele povo que o seguia, chegaremos sãos e salvos a Jerusalém (Ed.8:31,32), não a Jerusalém terrena, mas a celestial, “adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Ap.21:2 ).