LIÇÕES

Devocional 20-05

20 de Maio

Leitura bíblica: Lamentações 3.21

Atualmente, o texto de Lamentações 3.21 vem cada vez mais à mente de muitos, inclusive à minha. Vivendo dias como os atuais, nos quais os desafios apresentam-se a nós surpreendentemente cada vez maiores, lembrar daquilo que vivemos em tempos mais tranquilos (isto para os que tiveram esta graça), é como viajar sem sair de casa, tirar férias sem gastar um centavo, ou, lembrando de um cântico da época de adolescente: “Navegar no oceano do Espírito”. Devido às comemorações do dia do Coração Aquecido, temos revivido lembranças não exclusivamente de cada um de nós nesta última semana, mas, uma lembrança específica comum a todos: os dias do nascimento do movimento metodista. Lembrar destes dias, ao reler e palestrar sobre os primórdios do movimento que renovou e transformou a experiência e prática de fé de uma Igreja tão representativa para seu país como era e é a Anglicana, faz-nos o seguinte: nossa memória coletiva é inundada pelo mesmo tipo de esperança que impulsionou uma sociedade como a inglesa do século XVIII ao início de sua redenção, o que, com o passar de um século e meio, a transformou em uma potência próspera, e durante o processo, uma outra nação (os EUA) viria a nascer, ao ser colonizada na perspectiva de um cristianismo já permeado pelo avivamento oriundo da experiência de um coração aquecido pelo Espírito Santo.

Vale lembrar que a Inglaterra do século XVIII estava imersa em crises sociais, sanitárias, econômicas, de ordem moral, e, não menos importante, uma crise de fé. Não era apenas uma questão eclesiológica; ou seja, sobre a forma de governo ou jeito de ser da Igreja Anglicana. Mas, acima de tudo, uma crise de fé. Basta lembrar que John Wesley, um já sacerdote anglicano, confessa em seus diários um medo de morrer quando do famoso episódio do quase naufrágio do navio no qual viajava entre América e Inglaterra. Ao ser possuído por aquele medo repentino da morte, percebeu que, naquele instante, ele não tinha certeza de sua salvação. Este episódio, à beira do que poderia ter sido sua morte, disse muito ao sacerdote anglicano e influenciou toda a teologia metodista, até os dias de hoje.

No lugar de tentar parecer um super-homem de Deus e manter desconhecido de todos o que ele próprio sentiu naquela noite em que o navio parecia soçobrar, Wesley fez a escolha mais difícil e didática: tornar pública a sua fraqueza, pois, como homem realmente de fé que era, além de excelente biblista, tinha muitos textos em sua memória, inclusive 2ª Coríntios 12.10: “quando sou fraco é que sou forte”.

John Wesley repensa seu iniciante ministério a partir da conclusão de que, se ele temeu tão desesperadamente a morte por falta da certeza de sua salvação, era sinal de que apenas “nascer em berço evangélico”, ser dizimista, frequentar a igreja todos os domingos e demais práticas religiosas, não eram suficientes para “merecermos” a salvação. A posterior “Experiência do Coração Aquecido” ocorreu em um Wesley já pensativo sobre estas questões, produzindo no jovem ministro não apenas o início do avivamento, mas também o nascimento de um teólogo que contribuiu para o cristianismo com teses e pregações, as quais doutrinaram os metodistas em uma ortodoxia que faz-nos sempre lembrar-nos de textos como “sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida”; sem perdermos a perspectiva de que é pela graça que somos salvos.

Lembrar destes dias do Coração Aquecido e estudar a teologia wesleyana nos abençoa muito. E, ao perceber como a experiência de fé daquele homem e seus discípulos subsidiou que todos sobrevivessem àqueles dias maus, ajuda-nos a ter a esperança renovada: vamos vencer o momento atual. Esta mesma experiência de fé deste homem também fez nascer uma Igreja que hoje se faz presente em centenas de países, com centenas de milhões de membros em seu rol. Nossos corações serão constantemente aquecidos pelo Santo Espírito de Deus. Nossa igreja será vencedora sobre todas as coisas. Nosso ministério será uma bênção. Aviva-nos Senhor!

Pr. Marcos Ferreira