LIÇÕES

Devocional 11-03

11 de Março

Leitura bíblica: Romanos 10.5-8

“A justiça que é da lei diz: o que fizer estas coisas viverá por elas.” Constante e perfeitamente observa todas as coisas para fazê-las, e então viverás para sempre. Esta lei ou pacto dado por Deus ao homem no paraíso requeria uma obediência perfeita em todas as suas partes, uma obediência completa, não faltando em coisa alguma, como condição de sua eterna perseverança na santidade e felicidade, destino para que fora criado. O pacto requeria que o homem cumprisse toda a justiça, interior e exterior, negativa e positiva. Que ele amasse a toda alma que Deus fez, como o mesmo Deus o amou; que, pela benevolência integral, estivesse em Deus (que é amor) e Deus nele; que servisse ao Senhor seu Deus de todas as suas forças, e em todas as coisas unicamente ambicionasse a glória que Dele vem.

Essas eram as coisas que a justiça da lei requeria, para que por elas pudesse viver o que as cumprisse. Mas, a lei ainda exigia que essa obediência a Deus, essa santidade interior e exterior, essa conformidade do coração e da vida à sua vontade, fossem em grau perfeito. Se cada mandamento relativo às coisas externas fosse obedecido, ainda isto não era bastante, a não ser que nessa obediência se empenhassem todas as forças, preenchendo-a o homem na medida mais elevada e cumprindo-a da maneira mais perfeita. Ainda uma coisa requeria indispensavelmente a justiça da lei: exigia que essa obediência universal, essa perfeita santidade, tanto de coração como de vida, fosse também absolutamente ininterrupta desde que Deus criou o homem.

Mas a justiça que é da fé fala deste modo: “não digas em teu coração: quem subirá ao céu? Isto é, para trazer de cima a Cristo”; “ou, quem descerá ao abismo? Isto é, poderá trazer a Cristo dentre os mortos”. Por “justiça que é da fé” entende-se a condição de justificação que foi dada por Deus ao homem decaído, pelos méritos e pela mediação de seu unigênito Filho. Isto foi em parte revelado a Adão, logo depois de sua queda. Foi um pouco mais claramente revelado a Abraão pelo Anjo de Deus. Foi mais plenamente dado a conhecer a Moisés, a Davi e aos profetas que se seguiram; e, através destes, a muitos dentre o povo de Deus em suas respectivas gerações.

Estritamente falando, o pacto da graça não requer, na verdade, “que façamos coisa alguma como absoluta, e indispensavelmente necessário à nossa justificação; mas exige somente crer naquele que, por amor de seu Filho e em atenção a propiciação que este fez, ‘justifica o ímpio que não tem obras’ e lhe imputa sua fé como justiça”. Também Abraão “creu no Senhor, e isto lhe foi imputado como justiça” (Gn 15.6).

Que diz, pois, o concerto de perdão, de amor imerecido, de misericórdia perdoadora? “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.” E, se perseverares até o fim, crendo em Jesus, jamais provarás a segunda morte; antes, havendo padecido com teu Senhor, com Ele também viverás e reinarás pelos séculos dos séculos.

Qual é, pois, a diferença entre a “justiça que é da lei” e a “justiça que é da fé”, entre o pacto das obras, e o segundo, que é o pacto da graça? O pacto das obras requeria do homem perfeito que continuasse no favor de Deus, em seu conhecimento e amor, uma perfeita e ininterrupta obediência a cada artigo da lei de Deus; enquanto que o segundo pacto, para possibilitar ao pecador a reaquisição da graça e da vida divina, requer somente fé, a viva fé naquele que, através de Deus, justifica o que não obedece. Ainda mais: o pacto das obras requeria de Adão e de todos os seus filhos o pagamento do preço de si mesmos, de modo que pudessem receber todas as bênçãos futuras de Deus. Mas, no pacto da graça, vendo Deus que não tínhamos nada com que pagar, francamente nos perdoou tudo, sob a condição, porém, de crermos Naquele que por nós pagou o preço de resgate, isto é, Naquele que se deu a si mesmo em “propiciação pelos nossos pecados e, não somente pelos nossos, mas pelos de todo o mundo”.

Traze todos os teus pecados perante o Deus perdoador, e eles se dissiparão como fumo. Se não foras ímpio, não haveria lugar para que Ele te perdoasse como ímpio. Aproxima-te agora, em plena segurança da fé. Ele fala, e o que diz sem falta se cumpre. Não temas: crê somente; porque o justo Deus justifica a todo aquele que crê em Jesus!

John Wesley (Sermão 6[1], parte 1, adaptado)


[1] www.metodista.org.br/sermoes-de-john-wesley-disponiveis-para-download