24 de Abril
Leitura bíblica: 1ª Samuel 16.7
Deus não está interessado em estilo. Samuel pede para que entre o terceiro irmão, Samá. Ele é estudioso, aplicado. Lucraria com um transplante de carisma, mas tem massa cinzenta sobrando. Jessé sussurra para Samuel: “orador oficial da Escola de Belém”. Samuel fica impressionado, mas Deus não. Deus faz o sacerdote se lembrar: “o Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1ª Samuel 16.7).
Sete filhos passaram. Sete filhos fracassaram. O desfile se encerra.
Samuel conta os irmãos: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, e pergunta: “Jessé, você não tem oito filhos?”. Jesse responde: “ainda tenho o caçula, mas ele está cuidando das ovelhas” (1ª Samuel 16.11).
O termo hebraico para “caçula” é “haqqaton”, e indica mais do que idade; sugere posição. O haqqaton era mais do que o irmão caçula. Era o “irmãozinho”, o tampinha, o bebê. Cabia a ele cuidar das ovelhas da família. Coloque o menino onde ele não possa causar problemas. Deixe-o com a cabeça baixa cheias de lã e céu aberto.
E é ali que encontramos Davi, no pasto com o rebanho. As Escrituras dedicam 66 capítulos à sua história, deixando-o, em número de referências, atrás somente de Jesus. O Novo Testamento menciona seu nome 59 vezes. Ele estabelecerá e habitará a cidade mais famosa do mundo, Jerusalém. O Filho de Deus será chamado de Filho de Davi. Os maiores salmos fluirão de sua pena. Iremos chamá-lo de rei, guerreiro, menestrel e matador de gigantes. Mas, hoje, ele nem está incluído na reunião familiar. Ali, ele ainda era simplesmente uma criança que não passava de um ponto no mapa.
O que levou Deus a escolhê-lo? Queremos saber. Afinal, andamos pelo pasto de Davi, o pasto da exclusão.
Estamos cansados do sistema superficial da sociedade, de sermos classificados de acordo com os centímetros de nossa cintura, os metros quadrados de nossa casa, a cor de nossa pele, o modelo de nosso carro, a marca de nossas roupas, etc. O nosso trabalho duro muitas vezes é ignorado. A devoção não compensa. Oh, o Golias da exclusão!
Você não está cansado desse Golias? Então é hora de parar de olhar para ele! O que importa é o que o seu Criador pensa, e Ele não vê como o homem; o homem vê a aparência, mas Ele vê o coração.
Moisés fugiu da justiça, mas Deus o usou. Jonas fugiu de Deus, mas Deus o usou. Raabe dirigia um bordel, Sansão correu para os braços da mulher errada, Jacó correu em círculos, Elias correu para as montanhas. Sara perdeu as esperanças, Ló andou com a multidão errada, mas Deus usou a todos eles.
E Davi? Deus viu um adolescente servindo-Lhe no meio do mato, em Belém, entre o tédio e o anonimato, e, com a voz de um irmão, Deus chamou: “Davi! Entre. Alguém quer vê-lo!”. Os olhos humanos viram um adolescente magricelo andar na casa, cheirando a ovelha e com a aparência de quem precisava de um banho. Contudo, “o Senhor disse: ‘É este! Levante-se e unja-o’” (v.12).
Deus viu o que ninguém viu: um coração que o buscava. Davi, apesar de todos os seus defeitos, buscava a Deus assim como uma cotovia procura o nascer do sol. Ele buscava o coração de Deus, porque esperava no coração de Deus. No final, é tudo o que Ele quer ou precisa.
A história do jovem Davi dá-nos esta garantia: seu Pai conhece o seu coração e, por causa disso, Ele tem um lugar reservado somente para você! Amém!
Max Lucado
[Adaptado de: “Derrubando Golias: descubra como superar os maiores obstáculos da sua vida”, p. 23-26].