LIÇÕES

Devocional 08-02

8 de Fevereiro

Leitura bíblica: Isaías 11.9

Em que condição está o mundo, no momento! Como a escuridão, as trevas intelectuais, ignorância, com vício e miséria, presentes sobre ele, cobrem a face da terra!

Tal é o presente estado da humanidade em todas as partes do mundo! Mas quão espantoso é isto, se existe um Deus no céu, e se seus olhos estão sobre toda a terra! Será que Ele pode menosprezar a obra de suas próprias mãos? Certamente, este é um dos maiores mistérios debaixo do céu! Como é possível reconciliar isto com a sabedoria, quanto a bondade de Deus?

E o que pode trazer tranquilidade à uma mente zelosa, sob tão melancólica perspectiva? O que, a não ser a consideração de que as coisas não serão sempre assim; que um outro cenário será inaugurado? Deus será zeloso de sua honra: Ele irá levantar e manter sua própria causa. Ele irá julgar o príncipe deste mundo, e destruí-lo de seu domínio usurpado. Ele dará a seu Filho “os ateus para sua herança, e as partes mais extremas da terra para sua possessão”. “A terra deverá ser preenchida com o conhecimento do Senhor, assim como as águas cobrem o mar.” O conhecimento amoroso de Deus deverá cobrir a terra; deverá preencher cada alma do homem, produzindo santidade e felicidade uniformes e ininterruptas.

“Impossível!”, alguns homens dirão, “sim, a maior de todas as impossibilidades, é a de que podemos ver um mundo cristão; sim, uma nação cristã, ou uma cidade! Como essas coisas podem ser?”. Sobre uma suposição, de fato, não apenas toda a impossibilidade, mas toda a dificuldade desaparece.

Mas colocando de lado este grosseiro modo de desfazer o nó que nós não somos capazes de desatar, como todos os homens podem se tornar santos e felizes, enquanto continuam sendo homens? Enquanto eles ainda desfrutam, ambos do entendimento, afeições, e a liberdade que são essenciais a um agente moral? Parece existir um caminho claro e simples de remover esta dificuldade, sem nos emaranharmos em algumas indagações engenhosas e metafísicas. Uma vez que Deus é Único, então a obra de Deus é uniforme em todas as épocas. Nós não podemos, então, conceber como Ele irá operar nas almas dos homens, nos tempos vindouros, considerando como Ele opera agora, e como Ele forjou nos tempos passados?

Pegue um exemplo disto, e tal exemplo, no qual você não poderá facilmente ser enganado. Você sabe como Deus forjou em sua própria alma, quando Ele primeiro o capacitou a dizer, “a vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo por mim”. Ele não desprezou seu entendimento, mas o iluminou e fortaleceu. Ele não destruiu quaisquer de suas afeições; elas ficaram mais vigorosas do que antes. Menos do que tudo, Ele não lhe tirou sua liberdade; seu poder de escolher o bem ou o mal: Ele não o forçou; mas, sendo assistido pela Sua graça, você, assim como Maria, escolheu a melhor parte. Exatamente assim, Ele assistiu cinco em uma casa para fazer aquela escolha feliz; cinquenta ou cinco mil em uma cidade; e muitos milhares em uma nação; sem despojar, de algum deles, a liberdade que é essencial a um agente moral. 

Vamos observar o que Deus já tem feito. Entre décadas atrás, Deus ergueu alguns jovens, na Universidade de Oxford, para testificar essas grandes verdades, que eram, então, pouco atendidas: — que, sem a santidade, nenhum homem veria ao Senhor; que esta santidade é a obra de Deus, quem opera em nós tanto o querer quanto o fazer; que Ele faz isto, de seu bom prazer, meramente pelos méritos de Cristo; que esta santidade é a mente que estava em Cristo; nos capacitando a caminhar, assim como Ele também caminhou; que nenhum homem pode ser assim santificado, até que ele seja justificado; e que nós somos justificados pela fé somente.

De Oxford, onde primeiro apareceu, a pequena levedura se espalhou mais e mais amplamente. Mais e mais, viu a verdade, como ela está em Jesus, e a recebeu no Seu amor. Mais e mais, encontrou “redenção, através do sangue de Jesus, até mesmo, o perdão dos pecados”. Eles nasceram novamente do Seu Espírito, e foram preenchidos, com a retidão, a paz, e a alegria, no Espírito Santo. Mais tarde, espalha-se para todas as partes da terra, e algo pequeno transforma-se em milhares. Espalha-se, então, na Grã-Bretanha Norte e Irlanda; e poucos anos depois, para dentro de Nova York, Pensilvânia, e muitas outras províncias na América, mesmo tão grande, quanto Terra Nova e Nova Escócia. De modo que, embora, a princípio, este “grão de semente de mostarda” fosse “o menor de todas as mentes”; ainda assim, em poucos anos, ele se tornou “uma árvore larga, e produziu grandes ramos”.

Geralmente, quando essas verdades, justificação pela fé, em particular, foram declaradas em alguma grande cidade, depois de alguns dias, ou semanas, lá, de repente, se reuniu uma grande congregação, não em um lugar afastado, mas em Londres, Bristol, Newcastle-upon-Tyne, em particular — um violento e impetuoso poder que, como vento poderoso ou temporal ameaçador, fez, então, os opositores todos fugirem. E isto continuou, com intervalos mais curtos ou mais longos, por diversas semanas ou meses. Mas, gradualmente diminuiu, e, então, a obra de Deus foi conduzida, por graus moderados; enquanto que o Espírito concedeu, ao irrigar a semente que tinha sido semeada; ao confirmar e fortalecer aqueles que tinham crido, que sua influência infundisse, secretamente, renovando-se, como orvalhos silenciosos. E esta diferença, em sua maneira usual de trabalhar, foi observável, não apenas na Grã-Bretanha e Irlanda, mas em cada parte da América, do Sul ao Norte, onde quer que a palavra de Deus chegasse com poder.

Assim sendo, não é altamente provável que Deus irá levar sua obra, da mesma maneira, como Ele começou? Que Ele irá levá-la, eu não posso duvidar; por mais que Lutero possa afirmar, que um avivamento da religião nunca dura mais que uma geração — que é de trinta anos. É muito provável, então, que haverá um grande abalo; mas eu não posso me persuadir a pensar que Deus tem forjado tão gloriosa obra, para deixá-la submergir e morrer em poucos anos. Não: eu confio que isto é apenas o começo de uma obra ainda maior; o alvorecer “da glória dos últimos dias”.

E não é provável que Ele irá levar sua obra, da mesma maneira que Ele começou? Primeiro, expandindo-na, neste ou naquele lugar, para que possa haver uma abundância, uma torrente de graça; e, assim, em algumas outras ocasiões específicas, que “o Pai reservou em seu próprio poder”: mas, em geral, parece que o reino de Deus não “virá com contemplação”; mas silenciosamente aumentará, onde quer que ele se estabeleça, e se espalhará de coração para coração, de casa em casa, de cidade em cidade, de um reino para outro.

E, em cada nação, debaixo do céu, nós podemos razoavelmente acreditar que Deus irá observar a mesma ordem que Ele tem dado, desde o começo do Cristianismo, “eles todos deverão conhecer a mim, diz o Senhor”; não do maior para o menor (esta é aquela sabedoria do mundo que é tolice para Deus); mas “do menor para o maior”; para que o louvor não possa ser de homens, mas de Deus.

Antes do fim, mesmo os ricos deverão entrar no Reino de Deus. Junto com eles, entrarão o grande, o nobre, o honrado; sim, os soberanos, os príncipes, os reis da terra. Por último, o sábio e culto, os homens de engenhosidade, os filósofos, serão convencidos de que eles são tolos; serão convertidos, e se tornarão como as criancinhas, e entrarão no reino de Deus.

Então, aquela graciosa promessa deverá ser consumada na casa de Israel; a Israel espiritual, “Eu colocarei minhas leis nas mentes deles, e escreverei em seus corações: e serei para eles um Deus, e eles serão para mim, meu povo. E todo homem ensinará ao seu próximo; e cada homem a seu irmão, dizendo: ‘eu conheço o Senhor’: porque eles deverão me conhecer, do maior para o menor. Porque eu seria misericordioso para os iníquos, e dos seus pecados e suas iniquidades não mais me lembrarei”. Então, “os tempos da renovação” universal “virão da presença do Senhor”. O grande Pentecoste virá completamente, e os homens devotos, em todas as nações, debaixo do céu, mesmo que distantes umas das outras, serão preenchidos com o Espírito Santo.

E, então, o Salvador dos pecadores irá dizer, “a hora é chegada; eu glorificarei meu Pai: eu buscarei e salvarei o rebanho que estava vagueando nas montanhas escuras. Agora eu me vingarei do meu inimigo, e arrancarei a presa dos dentes do leão. Eu recuperarei para mim as épocas perdidas: eu reivindicarei a compra de meu sangue”. Assim, Ele seguirá na grandeza de Suas forças, e todos os seus inimigos fugirão diante Dele. Todos os profetas das mentiras desaparecerão, e todas as nações que os seguiram deverão conhecer o grande Profeta do Senhor, “poderoso na palavra e ação”; e “honrará o Filho, assim como eles honram o Pai”.

Naqueles dias, todas aquelas gloriosas promessas feitas à Igreja Cristã serão executadas, e não serão restritas a esta ou aquela nação, mas incluirão todos os habitantes da terra. “Eles não causarão dano, nem destruição em todos os meus montes santos” (Isaías 11.9). “A violência não mais será ouvida em tua terra, devastação, nem destruição dentro de tuas fronteiras; mas tu chamarás tuas muralhas de Salvação, e teus portões de Louvor.” Tu serás rodeado de todos os lados com salvação, e todos que atravessarem teus portões louvarão a Deus. “O sol não mais deverá ser tua luz, através do dia; nem a lua fornecerá a ti luminosidade: mas o Senhor será para ti a luz eterna, e teu Deus e tua glória.”  A luz do sol e da lua será tragada, na luz do semblante do Senhor, brilhando sobre ti.

É suficiente que nós estejamos seguros deste único ponto, de que todos os males transitórios desaparecerão; e haverá um final feliz; e que a “misericórdia, primeira e última, irá reinar”.  Todos as pessoas preconceituosas poderão ver que o Senhor está renovando a face da terra: e nós temos forte razão para esperar que a obra que Ele começou, Ele irá levar para o dia do Senhor Jesus; que Ele nunca irá cessar esta obra abençoada de seu Espírito, até que Ele tenha cumprido todas as suas promessas; até que ele coloque um ponto final no pecado, e miséria, e enfermidade, e morte; e restabeleça a santidade e felicidade universal, e faça com que todos os habitantes da terra cantem juntos, “Aleluia, o Senhor Deus Onipotente reina!”. “Bênção, e glória, e sabedoria, e honra, e poder, e força, serão junto ao nosso Deus para sempre e sempre!” (Apocalipse 7.12).

John Wesley — Adaptado

[Editado por Syl Hunt IV, estudante na Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para Wesley Center for Applied Theology.]