LIÇÕES

Devocional 08-03

8 de Março

Leitura bíblica: Hebreus 12.14-15

Sem santidade ninguém verá ao Senhor. Ninguém verá a face de Deus em glória. Em consequência, o novo nascimento é absolutamente necessário à eterna salvação. Os homens podem na verdade lisonjear-se na esperança de que possam viver em seus pecados, até chegarem ao último suspiro, e ainda depois viverem com Deus; e milhares realmente creem que encontraram uma estrada larga que não leva à perdição. Que perigo há que homem tão honesto, de tão rigorosa moral, possa perder o céu; especialmente se, sobre e acima de tudo isso, frequenta a igreja e os sacramentos? Um desses perguntará com toda a segurança: “quê! Não faço tanto bem como meu próximo?”. Sim, tanto bem como teu próximo ímpio; tanto bem como teu próximo que morre em seus pecados!

Pela mesma razão, ninguém pode ser feliz, mesmo neste mundo, se não nascer de novo. Porque não é possível, pela própria natureza das coisas, que seja feliz o homem que não é santo. A razão é clara: todas as inclinações ímpias são inclinações desagradáveis: não só, a malícia, o ódio, a inveja, o ciúme, a vingança, criam um inferno presente na consciência, mas ainda as paixões mais brandas, se não forem mantidas dentro dos devidos limites, darão mil vezes mais dores do que prazeres. Mesmo a “esperança”, quando “adiada”– “torna o coração enfermo”; e todo desejo que não seja conforme a vontade de Deus, pode “traspassar-nos de muitas dores”. Esses males dominam até que as tendências de nossa natureza sejam mudadas, isto é, até que tenham nascido de novo; consequentemente, o novo nascimento é absolutamente necessário não só à felicidade neste mundo, como à felicidade no mundo vindouro.

Quando nascemos de novo, então nossa santificação, nossa santidade interior e exterior, começa; e daí por diante gradualmente “crescemos naquele que é nosso Cabeça”. Esta expressão do apóstolo admiravelmente ilustra a diferença que há entre uma e outra, e ainda aponta a exata analogia existente entre as coisas naturais e as coisas espirituais. A criança nasce num momento. Ela, depois, gradual e vagarosamente cresce, até atingir à estatura de um homem. De modo semelhante um filho nasce de Deus num curto tempo, senão num momento. Mas, é por degraus vagarosos que ele depois cresce à medida da perfeita estatura de Cristo. A mesma relação, portanto, que há entre nosso nascimento natural e nosso crescimento, há também entre nosso novo nascimento e nossa santificação.

Se ainda “te é necessário nascer de novo”, acrescentas: “vou ainda mais longe: porque não somente não faço mal, mas faço todo bem que posso”. Duvido disso: temo que tenhas tido um milhar de oportunidades de fazer o bem e tenhas passado por elas sem as aproveitar, sendo, por esta causa, responsável diante de Deus. Mas, se tens aproveitado todas elas, se realmente tens feito todo o bem que terias possibilidade de fazer a todos os homens, ainda isto de modo algum altera o caso: ainda “te é necessário nascer de novo”. Sem isto coisa alguma fará qualquer benefício à tua pobre alma poluída e pecaminosa. “Não, mas eu constantemente cumpro as ordenanças de Deus: apego-me à minha igreja e ao sacramento.” Boa coisa fazes, mas tudo isso não te livrará do inferno, a não ser que sejas nascido de novo. Ir à igreja duas vezes por dia; ir à mesa do Senhor todas as semanas; fazer sempre muita oração em particular; ouvir sempre sermões muito bons; ler muitos livros devotos… ainda “te é necessário nascer de novo”.

Nenhuma daquelas coisas substituirá o novo nascimento; não, coisa alguma há debaixo do céu.

John Wesley (Sermão 45[1], parte 2, adaptado)


[1] www.metodista.org.br/sermoes-de-john-wesley-disponiveis-para-download