9 de Outubro
Leitura bíblica: Deuteronômio 1.16-18
O clamor por justiça em nossa sociedade hoje não é diferente do contexto que Jesus vivenciou, visto que a injustiça perpassa por todos os momentos da história. Diante disso, percebemos que a concepção de justiça se distanciou tanto do projeto de Deus para a humanidade. Jesus disse que a justiça de Deus não procede dos homens (“Pois eu lhes digo que, se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus”; Mateus 5:20).
Então, o que é justiça no contexto bíblico? No Antigo Testamento, “o conceito de sedaqah (Justiça) está longe de carregar um sentido simplesmente jurídico ou de uma ordem cósmica. A expressão sidekot Yhwh, traduzida por ‘justiças de Javé’, deve ser entendida como ‘os atos salvíficos de Javé’” (Tércio Siqueira.). E, no Novo Testamento, é dikaiosune, “justiça” ou “retidão”.
Nesse entendimento sobre o governo humano e a sua base na justiça divina, Landa Cope aborda que “agora Moisés volta sua atenção às funções jurídicas do Governo e começa a dar instruções para aqueles que iriam ouvir as disputas dos povos. Esses versículos trazem princípios tão fortes de justiça, que todos os tribunais justos do mundo os utilizam e todos os tribunais na Terra seriam mais justos hoje, se esses princípios fossem implementados por completos. Primeiro, o versículo 16 exorta os juízes de Israel a julgarem justamente. Moisés continua e define justamente de uma maneira bem específica: oferecer a mesma qualidade de Justiça para qualquer pessoa, seja ela um Israelita ou um estrangeiro. Esse é um tema importante para Deus no discipulado de Israel”.
Nos versículos posteriores (17 e 18), a justiça tem a finalidade de nivelar e trazer igualdade para todas as pessoas sem qualquer distinção, e Moisés ressalta que a justiça pertence a Deus. Chegamos a um dilema: não temos um governo teocrático (governo de Deus). A Igreja, durante e depois da Idade Média, perdeu a sua primazia, visto que a razão (ciência) assumiu o papel de explicar e direcionar as concepções de mundo; e, nos dias atuais, o secularismo (sistema que não assume a influência da religião no destino dos homens – https://www.dicio.com.br/secularismo/). Estes fatores mudaram a centralidade do universo, ou seja, o homem se tornou centro de tudo (antropocentrismo).
Sendo assim, surge uma indagação: como termos um país no qual a justiça de Deus prevaleça e Seu Reino seja base de nossas vidas? Pois, Jesus disse: “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33).
Pr. Maurício Araújo