LIÇÕES

Devocional 19-04

19 de Abril

Leitura bíblica: Atos 4.31

A mesma expressão ocorre no segundo capítulo do mesmo livro. O imediato efeito disto foi que “começaram a falar em outras línguas”, de modo que partos, medas, elamitas e outros estrangeiros, que “se reuniram quando se produziu o rumor, ouviram-nos contar, em suas diversas línguas, as obras maravilhosas de Deus” (At 2.1-6).

Neste capítulo lemos que, estando os apóstolos e irmãos orando e louvando a Deus, “tremeu o lugar em que se achavam congregados e todos ficaram cheios do Espírito Santo”. Não encontramos aqui nenhuma aparência visível, tal como havia acontecido na passagem anterior, nem temos informação de que os dons extraordinários do Espírito Santo tivessem sido então comunicados a todos ou a alguns dentre eles, como os dons de “curar, de operar, outros milagres, de profecia, de discernimento de espíritos, de falar diversas línguas e de as interpretar” (1ª Co 7.9-10).

Que esses dons do Espírito Santo fossem destinados a permanecer na Igreja através de todas as idades ou que eles sejam ou não restabelecidos à medida que se aproximar a “restauração de todas as coisas”, são questões que não é necessário decidir. É oportuno, entretanto, observar que, ainda na infância da Igreja, Deus repartiu esses dons da maneira mais parcimoniosa. Eram todos profetas? Eram todos operadores de milagres? Todos tinham o dom de curar? Falavam todos em línguas? De modo nenhum! Foi, portanto, para um fim mais elevado do que a simples posse desses dons, que “eles ficaram cheios do Espírito santo”.

A manifestação do Espírito Santo teve em mira conceder-lhes a mente que havia em Cristo: os santos frutos do Espírito. Teve em vista enchê-los o de “caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade (G1 5.22-24); dotá-los de fé (talvez esta ideia melhor se expresse pelo termo fidelidade); com humildade e temperança; habilitá-los a crucificar a carne, com suas afeições e cobiças, suas paixões e desejos; e, em consequência da mudança interior, assim assegurada, preencher toda justiça exterior, “andar como Cristo também andou”, na “obra da fé, na paciência da esperança, no trabalho de amor” (1ª Ts. 1.3).

 “O amor de Deus foi também derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe foi dado” (Rm 5.5). “Porque era filho, Deus derramou em seu coração o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai!” (Gl 4.6). E, o amor filial de Deus foi-se aumentando continuamente, pelo testemunho que ele possuía em si mesmo, (1ª Jo 5.10), do amor de Deus que lhe perdoa; pela “consideração da maneira pela qual o amor de Deus lhe havia sido demonstrado, de modo que pudesse ser chamado filho de Deus” (1ª Jo 3.1). Deus era, pois, o desejo de seus olhos e a alegria de seu coração, sua porção mais preciosa no tempo e na eternidade.

Qual têm sido o desejo dos nossos olhos e a alegria de nosso coração? Com que intensidade temos perseguido os dons do Espírito na comunhão dos santos? Que possamos refletir sobre essas questões! Deus abençoe.

John Wesley

[Adaptado de: “O Cristianismo bíblico”, pregado na capela de Santa Maria, Oxford, perante a Universidade, a 24 de agosto de 1744].