LIÇÕES

Devocional 25-09

25 de Setembro

Leitura bíblica: Mateus 11.28

O discipulado tem três estágios na vida cristã. Esses estágios são vivenciados um após o outro, cada um na sua sequência lógica estabelecida por Deus. Os estágios do discipulado são: “vinde a mim”; “vinde após mim”; e “ide”. Em outras palavras, seria o mesmo que: ir e permanecer em Deus, andar juntamente com Ele até que alcancemos maturidade hábil para representá-Lo, replicando o modelo através da multiplicação. “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês” (Mateus 11.28).

No primeiro estágiodo discipulado, no “VINDE A MIM”, Jesus graciosamente está chamando as pessoas ao arrependimento e a uma nova vida. Dessa forma, nosso Senhor convoca pessoas de diferentes localidades, posições e classes sociais para o maior e mais radical de todos os projetos de vida.

Jesus chama os pecadores ao arrependimento com o “vinde a mim”. Jesus nos chama para uma nova vida, para uma nova possibilidade de reescrevermos nossa vida a partir do referencial da graça, do favor e do perdão de Deus. É magnífico ouvir Jesus nos chamando, “vinde a mim”.

Então, disse-lhes Jesus: “vinde após mim, e Eu vos farei pescadores de homens” (Marcos 4.19). Assim, o segundo estágiodo discipulado é o “vinde após mim”. Esse estágio é mais profundo do que só se achegar ao Senhor. Requer de nós comprometimento e disposição. Pois, nesse estágio, começamos a conhecer a vontade de Deus, e isso inevitavelmente vai mexer com nosso sistema de raízes, nossas crenças, manias, vícios, culturas e tudo o que nos impede de cumprir o propósito. De contraponto, é também nesse processo que aprendemos sobre o quanto podemos ser usados por Deus, e isso vai muito mais além de nossos títulos e habilidades.

“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo” (João 17.18). O terceiro estágio é o “IDE”, ou seja, GERE OUTROS QUE DARÃO CONTINUIDADE. É desafiador e maravilhoso. Desafiador, porque temos que colocar em prática todas as lições aprendidas, e isso é bom porque revela se somos íntimos de Deus ou religiosos superficiais. É nesse ponto que o legado nasce, pois, na prática de sermos quem nós somos (filhos), também transmitimos e ensinamos sobre o que Deus pode fazer quando um pecador se encontra com Ele. É maravilhoso, justamente, porque passamos a discipular vidas, diretamente e indiretamente, a partir do que aprendemos com o Mestre.

Mateus 28.18-20: “e, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.

O cerne daquilo que chamamos ser Igreja nasce a partir dessa perspectiva, a partir da qual reconhecemos o senhorio absoluto de Jesus e Seu poder sobre tudo e todos. E, juntamente com essa revelação, nasce o que chamamos de capacidade para ser, fazer e reproduzir o mesmo padrão.

Nisso, é possível perceber que até mesmo o mestre Jesus, que andou como nós e operou grandes coisas jamais vistas antes, fez o que fez, mas com uma condição: continuidade!

Para quem estou fazendo? Estou apontando para onde? Como eu estou fazendo? Sua semente é híbrida ou orgânica? (Ela se reproduz ou morre em si mesma).

João 17.20-22: “não oro somente por estes discípulos, mas igualmente por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e Eu em Ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste. Eu lhes tenho transferido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos”. Debaixo desse entendimento, é certo que a semente será fértil. Ela dará continuidade no mesmo padrão, mas com potencial para ir mais além.

João 14.12: “em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai”. O que podemos dizer que é imprescindível no discipulado?

1. Maleabilidades= é aquele que aceita mudança, ou seja, não é rígido.  Discipulado só acontece quando tem um líder disposto investir, e quando tem um discípulo disposto a mudar.

2. Diversidade= Jacó tomou varas verdes, de álamo, aveleira e plátanos. Ou seja, as varas não eram iguais. Elas não necessariamente precisavam ser iguais.  Então, precisamos fazer discípulos, que é a ordem de Cristo, a missão da Igreja e necessidade do mundo.

3. Transformação= o discipulado é a via onde mais encontramos potencial para a transformação de nosso caráter, e desenvolvimento do caráter de Cristo. A forma de entender se nosso discipulado está dando certo é perceber o quanto nós e nossos discípulos estamos crescendo em transformação.

Quais as fases mais importantes para aqueles que desejam liderar uma célula? 

Autoridade conquistada– “agora eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti” (João 17.7). Não existe discipulado sem exercício de autoridade. Não há exercício de autoridade saudável sem conquista de confiança. O fazedor de discípulos é alguém que não se ofende em trilhar esse caminho. 

Liderança servil– “manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (João 17.6-9).

Essa perspectiva é fundamental no exercício de um discipulado saudável. Na ótica de Jesus, liderar homens não tem a ver com dominar sobre eles, mas com guiá-los à maturidade para que prosperem no plano de Deus. 

Centralidade na palavra– buscar conhecimento fora e trocar feedbacks nunca será um erro. Mas, a falta de equilíbrio tem levado muitas pessoas a extrapolar em busca de um método perfeito e mais eficaz sobre como liderar, e qual a forma que melhor se adapta no que tange ao relacionamento com pessoas. E muitos líderes erram nesse ponto, porque de tanto buscar meios, acabam saindo do que de verdade é o padrão, ou seja, a Palavra de Deus. 

Jesus, em Sua prestação de contas ao Pai, disse: “porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou” (João 17.8,14).

Modelos referenciais– “e a favor deles é que eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade” (João 17.19). Nenhum evangelho é tão poderoso e eficaz quanto aquele que é lido na vida de um cristão. O fazedor de discípulos é alguém que vive o que prega e se oferece como modelo a ser seguido.

Amizade e aliança– um dos grandes segredos do fazedor de discípulos, do líder de sucesso, é amar seus discípulos. “O amor é o vínculo da perfeição” e “cobre uma multidão de pecados” (Colossenses 3.14 e 1ª Pedro 4.8).Jesus amava aqueles que o Pai lhes deu e não estava ali para fazer um trabalho técnico e mecânico em suas vidas, mas sim para incentivá-los e ajudá-los a descobrir seu potencial e onde poderiam desenvolver melhor seus chamados. E a aliança de Jesus com Seus discípulos era mais que religiosa. Era baseada na amizade e no compartilhar do coração. 

Senso de equipe– “eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (João 17.22-23). A cooperação é a força de uma célula consistente, o líder fazedor de discípulos é alguém que conecta pessoas e as inspira a trabalhar em unidade. 

Transferência de unção– “eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos” (João 17.22). No processo de fazer discípulos, não se transfere apenas conhecimento e modelo convencional.  É fundamental que se passe adiante também o conhecimento e a experiência de fluir, construir e permanecer na unção.

Nova mentalidade– “não peço que os tire do mundo, e sim que os guarde do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou” (João 17.15-16).O maior desafio do discipulado é a implantação de uma nova mentalidade a partir de uma nova identidade. O líder fazedor de discípulos é alguém que ensina pessoas a viverem na terra como cidadãos do céu. 

Paulo ainda fala sobre essa nova mentalidade: “assim que, nós, daqui por diante, ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2ª Coríntios 5.16-17).

Visão de multiplicação– “ao olhar para seus doze discípulos, os quais chamou desde o princípio de apóstolos”. Que quer dizer enviados? Jesus via muito além deles, vislumbrava gerações que se levantaram através de seus ministérios. Por isso, em sua oração de prestação de contas, Ele disse ao Pai: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra” (João 17.18, 20).

O grande combustível da frutificação precisa ser a compaixão. Números valem muito no Reino de Deus, desde que não escondam o valor de um só (Danilo Figueira).

Cobertura espiritual– um líder precisa assumir-se como responsável por proteger seus discípulos. A cobertura espiritual é uma das verdades mais essenciais da vida cristã. Não existe cristão isolado e sozinho.

Quando orou, entregando Sua tarefa de discipulador como cumprida diante do Pai, Jesus abordou este tema com as seguintes palavras: “já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti.  Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e os protegi, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura” (João 17.11-12).

Leandro Ferreira | Líder de Célula e Seminarista